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Dia Mundial do Sono: obesidade aumenta risco de síndrome de apneia obstrutiva do sono

11 Mar. 2020

No âmbito do Dia Mundial do Sono, que se assinala hoje, dia 13 de março, a Prof.ª Doutora Marta Drummond, coordenadora do laboratório de Fisiopatologia Respiratória, Sono e Ventilação Não Invasiva do Centro Hospitalar e Universitário São João, falou com o My Obesidade acerca das várias implicações a nível respiratório na obesidade. Leia o artigo da professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

A obesidade apresenta várias implicações a nível respiratório. Desde logo, a acumulação de tecido adiposo a nível cervical diminui o lúmen da via aérea e facilita o seu colapso durante a noite, o que aumenta consideravelmente o risco de síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS), afirma a Prof.ª Doutora Marta Drummond, assistente hospitalar de Pneumologia com grau de consultor do Centro Hospitalar e Universitário São João.

“A maioria dos doentes com diagnóstico de SAOS são obesos e o aumento de peso está diretamente relacionado com o agravamento da doença. Um dos tratamentos desta síndrome é a perda de peso e, em casos mais graves, nomeadamente de obesidade mórbida e super obesidade, o tratamento pode passar por cirurgias que visam a diminuição do volume do estômago e da área do duodeno (cirurgia de obesidade)”, explica a especialista. Outra consequência respiratória, prossegue, é a deposição de tecido adiposo ao nível do tórax, diminuindo a expansibilidade pulmonar e levando a alterações ventilatórias restritivas que se manifestam por dispneia (falta de ar), incapacidade de realizar tarefas quotidianas, necessidade de suportes ventilatórios e medicações que permitam aumentar a expansão pulmonar e o volume de ar que entra e sai dos pulmões a cada ciclo respiratório. Claro que o tratamento destas alterações ventilatórias passa também pela perda de peso e pelo controlo ponderal. Outras doenças respiratórias, como a asma e a DPOC, não têm como causa a obesidade, mas o seu controlo torna-se muito mais difícil quando os doentes são obesos, sublinha.

Abordar a obesidade de forma clara

Relativamente ao modo como aborda um doente cuja sintomatologia é causada pelo excesso de peso ou obesidade, a Prof.ª Doutora Marta Drummond declara: “abordo de forma clara, mostrando como é importante a perda de peso na melhoria e controlo destas doenças respiratórias. Além da informação concisa sobre o assunto, tento sempre aferir se há motivação para perder peso e se o doente conseguirá gerir a situação de forma autónoma ou se precisará de ajuda especializada nessa área”. Caso haja motivação, a especialista sugere planos dietéticos para perda ponderal e, grande parte das vezes, encaminha os doentes para consultas de nutrição. “Quando os doentes me referem que já tentaram vários programas nutricionais sem sucesso, então opto por fármacos inibidores do apetite que possam ajudar o doente neste objetivo de redução de peso”, refere. Há doentes que logo numa primeira abordagem dizem que não conseguirão diminuir a sua ingestão alimentar, mas que mostram grande vontade de emagrecer. Nesse caso, começa logo pela prescrição deste tipo de fármacos. O encaminhamento para cirurgia de obesidade faz-se em casos mais dramáticos de obesidade mórbida ou super obesidade. No que concerne à percentagem de perda de peso necessária para que se verifique restabelecimento da saúde respiratória, a Prof.ª Doutora Marta Drummond declara que é variável de doença para doença e do grau de gravidade da doença respiratória, mas o que está estabelecido e documentado é que uma perda de peso de > 10% do peso do doente já tem impacto positivo na saúde respiratória. “Esta percentagem poderá ser suficiente em alguns doentes para controlo das suas patologias respiratórias, enquanto para outros apenas permite uma pequena melhoria, tendo de ser o objetivo de redução ponderal mais ambicioso”, conclui.

Prof.ª Doutora Marta Drummond
Coordenadora do Laboratório de Fisiopatologia Respiratória, Sono e Ventilação Não Invasiva do Centro Hospitalar e Universitário São João e Professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

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